5.7.10

A minha cozinha antropofágica com as cores de tarsila

















Acabei a faculdade, fico parte feliz e parte triste, feliz por ter conseguido fazer essa curva no meio da vida e no meio da carreira, feliz por ter conseguido pagar por esse delírio, feliz por tirar 10, bem coisa de criança, me preocupar com trabalhos de faculdade e me lembrar da leveza dos antigos tempos da puc, feliz por viver um hiato na vida de adulto e mais feliz ainda por voltar a ela e poder recontar minha estóriada da melhor forma que pude.
Mas agora chega de comme il faut e já para como é de fato: sem trufas e sem caviar, com menos slow food do que eu gostaria. Muitas fichas técnicas, produtos que simulam a aparência de um sonhado ingrediente, falsos... que viabilizariam qualquer custo de revenda e matariam qualquer receita, uma luta de centavos e dignidade, a verdade não é tão bela quanto o sonho, mas há de ser mais interessante...

Mas que tudo eu preciso ser fiel ao que acredito: a verdade, o simples, quase a bauhaus da gastronomia, o puro, esses sim tem seu lugar, mas para tudo há um limite e é nesse limite que mora nossa dignidade, é nele que está a verdadeira prova do talento e da persistencia, é nosso dever a cultura gastronômica do Brasil e brigar por ela, um pulo num mercado popular nos faz ter acessos de pânico, onde foi parar o milho, a mandioca? a laranja?e a banana nanica... e acima de tudo onde está a percepção gustativa do grande público? as vezes acho que foi passear... na terra do amido modificado, da essência de laranja e essência de queijo e cerejas de algum material sintético que prefiro não saber qual é... e que essa percepção infelizmente aceita literalmente qualquer coisa por menos centavos. Preferia a "xepa" sabe legumes feinhos pela metade do preço e o dobro do sabor... Mas tenho fé de que percepção do brasileiro comum está adormecida precisando ser acordada por um pouco de dignidade , pureza e coentro e pimenta.

precisamos de uma cozinha antropofágica que toma posse daquilo que é bom e cria algo verdadeiramente brasileiro fruto como nós dessa pluralidade colorida de influências mas verdadeiro, e viva mario, tarcila, oswaldo e anita ainda que amarelada!!! Viva a goiabada abaixo a gordura trans e seus volumes mentirosos!!! Viva o berimbau, o milho e a mandioca e as cores de verdade de tarcila!!!! e olha que isso era pra ser antiquado...

Bem, delírios na mente, muito trabalho na madrugada e projetos na agulha
E vou assim dia após dia, do computador pro fogão, exausta mas feliz

as receitas...
sim vamos de bolinhos inspirados pela saudade das tias e vós e as tardes de criança, tia Iracilda, Inês, do cheirinho do bolo quentinho, amarelinho macio por dentro crocante por fora, hora de alívio do calor das tardes do Rio. Lembrei das páginas amareladas e manchadinhas do velho livro de receitas, bolo bom minha filha tem muita manteiga dizia minha inês.
gosto de 2 tipos de bolo simples: os filhos portugueses do pão de , bolos sem manteiga, mas com muitos ovos, fofinhos, aceitam bem coberturas e caldas e exitem os filhos ingleses do 4 quartos medidas iguais de manteiga, ovos, farinha e leite, mais pesadinhos, com aquele cheiro fantástico de mantiga, crocantes, gosto dos dois mas ando mais pro lado dos bolinhos com manteiga agora, esses eram da minha , manteiga hein nada de margarina, essa coisa, se não resistir use óleo vegetal, não sei se dá certo com o óleo, mas me conte o que aconteceu nunca tentei, gosto muito da manteiga para isso.


pão de
6 ovos
3 xícaras de açúcar
3 xícaras de farinha
12 colheres de água

bata as claras até picos macios, acrescente gemas e logo depois açúcar, esqueça a batedeira, se ela for planetária, se não fique ouvindo aquele barulinho e medite, ommmmmmmmmmmmmm....
quando estiver bem fofinho e leve meio esbranquiçado, deslique aquele barulho infernal e mistura a farinha peneirada aos poucos, vai por mim que vale a pena a paciência de peneirar, unte uma forma e leve ao forno que deve estar bem quente, 180 até corado mas ainda fofinho, se vc deixar muito tempo fica duro, cuidado!

bolo quatro quartos
100g de manteiga
100g açúcar
120g de farinha
100g ovos
1cc de fermento químico

bata manteiga com açúcar até branquinho e macio acrescente os ovos 1 a 1, acrescente depois a farinha peneirada, não se assuste é mesmo muita manteiga, vale a pena- forno 170

pitanguinha é de baba de moça com o dobro de gemas um doce de ovos com leite de coco, bolinho pro bernardo em termos de necessidade de energia pra crescer!

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