22.8.07
farofa de vó
acho que poderia contar boa parte da minha infância através da farofa
lembro da minha vó inês, que amorosamente levantava no início do almoço quando meu irmão quase sempre reclamava - não tem farofa - e feliz da vida voltava pro fogão
lembro da minha mãe e do meu pai em felizes 1970, longe, la nas terras do tio sam a procura de manioca flour - what!!! pra fazer pros amigos latinos da universidade que nunca conseguiram falar - farofa - nada além de sarassa se ouvia.
mais tarde lembro da igina, minha 3 vó, mãe preta, dona da cozinha da casa da minha vó maria luiza, de turbante branco, sabedoria e poder em sorriso farto, só se comparava seu amor a cozinha pelo amor ao salgueiro - a escola de samba.
igina era de uma época em que não se contavam, calorias, só contava o sabor, época de um outro ritmo, outro tempo
foi pra igina que pedi na adolescência pra me ensinar a fazer a farofa que ela fazia
ensino se vc prometer fazer direitinho! prometo igina!
lembro dela de vestido azul lindinho, na casa da tia nízia, na cozinha da dona leonídia também vó mas emprestada, a beira do fogão me contando precioso segredo... com muita seriedade
presta atenção, tem que ter paciência
corta bem pequenina a cebola
frita na manteiga, bastante - boa manteiga!
depois que estiver douradinha coloque os ovos - ovo bom hein!
mexa os ovos
vá colocando a farinha - farinha boa hein!
e torre até ficar bem crocante - com paciência hein, sem bobageira!
não esquece o sal!
ah e farinha que usei foi a última que meu irmão mandou lá de terras mineiras/baianas de Teófilo Otoni
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Li o seu blog. Achei interessante e você me fez viajar no tempo.
Ganhei uma fama de chato, de detalhista. Talvez essa fama venha de
longe, do Sr. Walter Soledade.
Acho que não comentei muito isso com vocês. O pai tinha a mania,
quando eu tinha por volta de 18 anos de dizer:
- "Falta tão pouco para você ser perfeito, que eu tenho que reclamar de ..."
Eu consegui resistir à tentação de não repassar isso para vocês.
Eu acabei fazendo muito o trabalho de revisor de papers aqui na
Faculdade. E como revisor tenho que comentar umas poucas coisas:
1) Muito estranho essa sua mania de colocar nomes próprios começando
com letra minúscula...
2) A expressão em inglês é manioc flour, não tem o a.
3) Higina é grafada com H (maiúsculo) inicial.
Agora, despindo as vestes de revisor chato. O nosso cuscus, doce, de
tapioca não é facilmente encontrado fora do Rio de Janeiro. Das minhas
andanças posso dizer que eu fiz o nosso cuscus branco de tapioca tanto
em São Carlos, quanto aqui em João Pessoa em duas festas. Em ambas as
oportunidades, dado que fora da minha família ninguém sabia nada do
Rio de Janeiro, a mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro, Rio para os iniciados, o prato, nas duas ocasiões foi
considerado uma raríssima iguaria, jamais provada pelos ilustres
convivas. Se eu tivesse trazido uma iguaria do Kazaquistão não teria
provocado maior surpresa gustativa.
O cuscus daqui da Paraíba também é de milho, também é salgado, mas é
diferente do paulista. Na verdade só como um dos dois na falta de
coisa melhor, para não dizer quando estou com fome e não tem mais
nada. Aqui o cuscus é apenas a farinha de milho salgada cozida. O
gosto do cuscus fica por conta do acompanhamento. Algumas vezes só
manteiga, outras vezes ovo (frito, cozido, etc...), outras vezes
carne, etc...
Aí em São Paulo, perto daquele grande Shopping Center do bairro de
Moema, esqueci o nome, encontrei um vendedor anunciando o nosso cuscus
com o nome de tapioca. Tapioca aqui na Paraíba é o nome genérico do
biju, também mais uma vez com o recheio em aberto. Assim existem
lugares que vendem mais de 10 tipos diferentes de tapioca. O recheio
pode ser charque (nome que a carne seca tem aqui), queijo de coalho,
carne moída, presunto, ovo, mistura entre esses ingredientes, etc...
Pode também ter recheio de coco ( o clássico do biju), coco com queijo
de coalho, goiabada, etc... You name it !
Quando eu vim para cá para a Paraíba, e você se lembra que ficava
monitorando o deslocamento pelo telefone eu pernoitei em Alagoinhas,
norte da Bahia, próximo da fronteira com Sergipe. A frase do garção
oferecendo o café da manhã do hotel foi muito interessante.
- "Hoje só temos cuscus de tapioca. Ontem nós também tínhamos cuscus de milho".
Não sei se você se lembra. A minha família, e por conseqüência 50% da
sua é uma mistura de influências baianas e portuguesas, além é claro
da cozinha aclimatada ao Rio de Janeiro. Cuscus, mesmo de coco, vinha
do ramo baiano. As minhas tias, Mariá e Lourdes eram muito boas
doceiras e, segundo elas, a grande doceira era a minha avó Maria da
Glória, falecida 16 anos antes de você ter nascido. O cuscus delas era
muito bom mesmo. Acho que você chegou a provar o cuscus da Mariá.
Ou seja, o nosso cuscus branco também é baiano. Não é só carioca.
E para terminar, cuscus com leite moça, arrego. É encher de calorias
para piorar o prato.
Abraços a todos,
Paiê
Postar um comentário