23.11.21

 Faz tempo..... Eu sempre tive dificuldade com as rotinas e com as repetições. Se precisar fazer o mesmo caminho, farei a cada dia uma variação. E às vezes não o farei... Devia ter escrito mais. Esse será meu desafio. Escrever nesses últimos tempos foi uma experiência mais científica e árdua, mais precisa, sem "achos", e confesso, menos agradável. O escrever acadêmico me deixou mais crítica, talvez mais eficiente e humilde, e certamente, valeu pelos resultados e pelo aprendizado, nada é fácil. Mas senti muita saudade dos meus "achos", meus muitos adjetivos e a possibilidade de ser autêntica.

Passamos por um tempo em que a realidade pareceu suspensa, como se tivéssemos "dado um pause" nas nossas vidas, no mundo. Um sopro frio e triste envolveu o mundo em forma de pandemia e todos fomos profundamente transformados. Isso me fez precisar refazer contato com o escrever, aquele que uma vez era entusiasmado e espontâneo. Espero voltar a ele.

Moramos no Rio agora, até mês pasado tinha uma pequena fábrica na Vargem, bairro da zona oeste do Rio. Atendiamos  SP e Rio, a empresa já chamo-se: marias e madalenas, 24|7 bistrô e antes em SP se chamava Honoratu Brasilis, desde 2014 me dividi entre as oficinas do SESC, aulas e o cotidiano da produção de alimentos. Mas sempre dedicando tempo e ambas as atividades, pelo menos até a pandemia começar. Ambos eram igualmente importantes, fazer comida, estudar e pensar o comer. Comecei o mestrado em SP na antropologia da Puc e finalizei aqui no design da UFRJ, pesquisei as representações imagéticas do comer usando a revista Cláudia como fonte, da década de 60 até 2000. Vivi as entrelinhas cotidianas das duas diversas realidades, pensar e produzir comida. 
Mas eis que a pandemia fez com que fosse necessário parar a produção, e agora repenso meu fazer e meu pensar. 

Estou em paz com as difíceis decisões que precisei tomar e com a mente fervilhante, como sempre. Agora inundada em elipses e caracois de zilhões de pensamentos. Com alegria paro e respiro como há anos não fazia. Estou presente e sinto o agora. Olho pra casa.

Helena tem 15, tem cabelos vermelhos, azuis, ja foram rosa apenas, rosas, roxos e azuis juntos e verde com roxo. Gosta de mingau de aveia, Tem muitos amigos, mas muitos mesmo, muitas msgs, videos pequeninos que mudam de nome, ja foram boomerang, agora tik tok. Como todo nós se transformou na pandemia, mas acha conforto no violão e nas amigas próximas. Gosta de muitas carreiras, ainda não sabe de qual gosta mais, gosta de música, são muitas bandas, gosta do sol, da praia, do pão dourado, aquele com manteiga na frigideira, mas ainda pouca coisa é mais legal que feijão, feijoada. Gosta do oriente também e de tudo que vem junto, gatinhos, idols ( não mais ), animes, sushi, gohan e wassabi. 

Bernardo cresceu tem 21... faz química na UFRJ e gosta de matemática, tirou notão 8,2 em matemática no vestibular. Faz o 4 ano do japonês, já é quase um oriental, agora já gosta de havaianas, do calor não gosta, não quer muito dirigir, mas enfim está na auto escola. Gosta, acho, que cada vez mais, de jogos, vários tipos, on line, de dirigir caminhão, de tabuleiro e os complicados, esses, ele gosta muito. 
Ficou a pandemia inteira em casa on line na empresa Jr onde trabalhou lá do fundão. Se dedica, se envolve nos projetos e se empolga ao falar deles, trabalha de um jeito único, agora com aulas de reforço de Química e Matemática para crianças e adolescentes, algo bem geracional e muito interessante essa forma de trabalho, desconstruindo qualquer idéia que eu tivesse construída do trabalhar junto a distância e bem mais divertida que imaginei. 

Ambos, acho eu, cada um a seu modo, trilham seus caminhos e criam seus eus e seus futuros o que muito me alegra.  E eu como mamaegourmande fui ficando menos presente no cotidiano o que é bom. Em consequência fui reconstruindo o meu eu também, menos tempo juntos mas não por isso menos legal. Ouvi em algum lugar que as mães devem aprender a se fazer cada dia mais desnecessárias. Sinceramente não é muito fácil, mas acho que tenho feito algum progresso. Necessária não, apenas uma certeza amorosa acessível. Hoje faremos hamburguer. Robson, o papai vai fazer com eles e os amigos,  Hamburguer de verdade a partir da carne moída, sem filtros. Eu vou assistir e comer :) 
Sem dar muito pitaco se não fico chata.

Hamburguer:
Fraldinha moída 600g
Bacon moído 400g
sal e pimenta do reino a gosto
misture sem apertar, faça bolinhas iguais e amasse com gentileza em formato de disco e coloque na churrasqueira ou uma frigideira resolve bem.

Hamburguer sem filtros, pão, queijo acompanhamentos e molhos:  pronto.


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